"Se um chardonnay tem gosto de pêssego, qual gosto o pêssego tem? De chardonnay?" A pergunta, embora pareça meramente retórica, me fez parar e ler o texto de Colin Bower sobre linguagem, verdade e vinho. Um primor. Nada mais contemporâneo do que a busca mundana por luxo e prazer – numa vida pautada pelo "aqui e agora", tudo que se quer é satisfação já, sem adiamentos ou promessas para o futuro.
A valorização da gastronomia e da enologia faz parte do pacote dos pequenos desejos, da procura pelo deleite nas pequenas coisas do cotidiano, como comer e beber.
Mas nada mais falso do que fazer disso uma tentativa de parecer superior, como se a humanidade estivesse dividida entre quem entende que um chadornnay tem gosto de pêssego e quem não desconfia do que a frase signifique. Escrever, seja sobre vinhos, seja sobre o que for, é uma tarefa que deve ter em mente ser compreendido por quem lê, defende o autor do primoroso artigo.
É claro que não precisamos entrar no mérito de todas as questões envolvidas entre emissor e recpetor - não é disso que trata o texto. É apenas o óbvio: se você quer se fazer compreender e elogiar um bom vinho, porque precisa fazer de conta que transpira sofisticação? Pura empulhação.
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