Leio. Releio. Volto a ler. Viro páginas. Avanço linhas.
Palavras minhas eu assino, dos outros eu transcrevo, dum passado que não teve futuro, dum presente que nunca exi stiu.
Frases que me fazem sorrir, outras que me inundam o olhar.
Histórias que fazem a minha história, remotas ou recentes, e que por muitas letras que destrua ficarão sempre na memória.

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Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!



quinta-feira, 19 de abril de 2007

Mais Saudades


Hoje te levei uma prece. Como em todos os dias de minha vida.
Sei que já não vale de muito, ou de nada. Mas sempre gostaste de Nossa Senhora Aparecida. Eu acreditava. Acreditava porque sempre me falaste as coisas importantes sem mentiras, sempre me disseste até as coisas que me custavam ouvir. Mas por amor, nunca me magoaste.
E as palavras ficam para sempre, não as esqueci.

Faltam exatos 15 dias para o meu aniversário.
E não poderei escutar de você Parabéns, Doce! Ou talvez possa. Talvez agora consigas ouvir o que diz o coração e já nem sejam precisas palavras.
É por ti que não temo o futuro. Por me teres dado a força e a coragem de seguir a vida por mais terrível que tenha sido a nossa dor.

É saudade, sabes?
Por vezes é mesmo preciso deixar de ver para sentirmos que alguém nos faz falta. E tu fazes, tanta!
E não há um dia em que não lembre o porquê do meu nome, que me deste com uma razão, com um sentido. E não há um único dia que não lembre de ti.
As coisas grandes exigem palavras ainda maiores...e tenho receio que as minhas simples palavras não possam dizer as grandes verdades acerca de ti.

Hoje o dia começou silencioso, eu imersa em minhas dúvidas, questionamentos e constatações meio ao que sobrou de nossa família... à minha maneira lembrei-me e não é fácil falar. Sou eternamente a sua Doce. Amamo-te e você ainda é o meu alicerce. O principal pilar.

Nenhuma lágrima que derramo por ti é em vão, nenhuma. E custa-me sempre falar sobre o homem que foste e que és, porque dá aquele nó na garganta que se transforma em lágrimas...por raiva da vida te ter levado. Por dor de não te ter por perto, por não ter o teu riso que juntavas ao meu...por não ter as tuas palavras que sempre me apaziguavam o peito.

Tu eras o meu verdadeiro norte.

É por isso que me orgulho de ser tua filha, de ter tido como pai um homem como tu. Um grande homem...

Neste instante em que te escrevo, as lágrimas deslizam num rosto e caem num peito cansado por estar tão vazio de ti!
Continua aqui perto. Não deixes que o teu rosto vá perdendo os contornos, não deixes que da minha memória se esbata a tua presença, a tua voz. Ainda recordo o teu cheiro.
Ainda imagino que a qualquer instante te possa ver outra vez.
Tenho saudades. A saudade não se explica...
Não te vejo, não te ouço e sinto-te.
Ilumina o meu caminho.... é por te sentir tão perto que nunca me sinto verdadeiramente só.


Amo-te, pai.
Mas tu sabes disso. Agora já sabes.

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