Por vezes páro, naquelas alturas em que me parece ser tempo de parar.
Tempo de meditação, dizem uns. De reflexão, dizem outros.
Mas na reflexão, vimos reflexos. E os reflexos deturpam o que há de verdade em nós.
E eu vejo os reflexos de mim, daquilo que sou. Ou tento...
Vasculho-me por dentro, esmiuço cada sentimento, cada pensamento. E dou por mim a pensar que o que se vê nos reflexos, nem sempre é a pureza real do que existe.
Os reflexos deturpam, outras vezes enganam. Parece ser, mas não é. Torna-se preciso descobrir as sete diferenças, como se fosse apenas um passatempo de folha de jornal.
Quando olhamos para alguem e pensamos conhecer, não é verdade. Quase sempre vimos apenas o que desejamos ver. O que precisamos ver. Um dia, saberemos que afinal, nada era bem assim.
Possivelmente o que deixamos sair de nós, sejam imagens turvas do que somos. Talvez ainda se teime em esconder o que de melhor há. Se procure disfarçar as coisas boas que se tem. Porque na verdade, o caminho seguido pela razão, pode trazer muito mais arrependimento, mas tambem, sem duvida, muito menos dor.
Mas no fim, de que vale? O que fica?
A razão não nos faz sentir o coração em batimentos desalinhados, descompassados. A razão não nos deixa sonhar acordados com coisas que parecem impossiveis. A razão não nos faz sentir um tremor de mãos, nem o bambolear de pernas. Nem tão pouco nos faz sentir como se mil borboletas nos voassem no estômago.
Reflexos...
Apenas conseguimos perceber os reflexos de uma alma. Apenas conseguimos deixar sair de nós, luzes fugazes do que existe nos labirintos cá por dentro de nós. Como raios de sol que teimam em cruzar as nuvens espessas em dias de tempestade.
E percebemos, mais tarde, que víamos uma imagem reflectida num espelho, distorcida. E que possivelmente foi sempre assim que permitimos que nos vissem.
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