Leio. Releio. Volto a ler. Viro páginas. Avanço linhas.
Palavras minhas eu assino, dos outros eu transcrevo, dum passado que não teve futuro, dum presente que nunca exi stiu.
Frases que me fazem sorrir, outras que me inundam o olhar.
Histórias que fazem a minha história, remotas ou recentes, e que por muitas letras que destrua ficarão sempre na memória.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!



sexta-feira, 30 de março de 2007

lindo!



Letra: perfeita
Música: divina
Animação: completa

Já dei conta



- Parece que já chegou o Outono.
- Já dei conta...

Melhor assim. Época de renovação. Época de deixar cair de mim as mágoas como folhas. Tempo de deixar partir todos os restos com o vento.
Tempo de esperar que passe o Outono, o Inverno e que depois, quem sabe na Primavera, tudo se renove lá fora e por dentro de mim.

Chegam as noites mais cedo, mais frias. E descobrem-se outros prazeres...
A casa nova, as almofadas coloridas, o café em canecas grandes que me aquecem as mãos enquanto fico enroscadinha no sofá branco para ver um filme qualquer. Os banhos quentes que transbordam espuma, à luz de velas. Os pijamas e os lençóis, as meias, os edredons fofinhos.
O caminhar sobre as folhas secas...o sentir na orla da praia as norteadas que me congelam o rosto e despenteiam os cabelos. E tudo vazio...
Como se de repente desse conta, numa areal deserto, que o mundo terminou e só fiquei eu.

O Outono pode ser nostálgico, sim. Já não há aquele calor que nos sufoca, que nos faz desejar sair de alças e roupas leves. Viajar para sul de corpos que ainda não se conhecem e que só desejamos ter coragem para lhes conhecer o sabor e o cheiro.
Chega o Outono e perde-se a vontade de atravessar a noite por todas as ruas, sentindo o pulsar da terra, de olhos fechados para se ver melhor.


Chegou o Outono... e à medida que ouço os meus passos, num qualquer lugar de onde vejo o pôr do sol, sei que tudo ficará bem. Porque não há outra maneira de viver...
Porque sei que em cada folha caída, em cada lágrima vertida, o peito transforma a tristeza em esperança, bate de novo, compassado, como um rumor de rio sem corrente...e nas veias corre outra vez o sangue alucinado de quem sente que ainda tem tudo para viver.


Sim, já notei que é Outono outra vez...
Mas pouco importa...o aconchego de uns braços que nos querem bem, também nos faz olhar a vida a renascer em nós...

quinta-feira, 29 de março de 2007

Meu tempo é hoje



Composição: Wilson Batista

Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.
Meu mundo é hoje não existe amanhã pra mim
Eu sou assim, assim morrerei um dia.
Não levarei arrependimentos nem o peso da hipocrisia.
Tenho pena daqueles que se agaixam até o chão
Enganando a si mesmo por dinheiro ou posição
Nunca tomei parte desse enorme batalhão,
Pois sei que além de flores, nada mais vai no caixão.
Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim.

Sinto



Se me perguntarem porque espero ou o que espero, não sei dizer.
O que sinto é que ainda não é isto.
O que sinto é que caminhei tanto para alcançar o que pensava que era o que desejava, e agora, que olho o mundo do cimo da montanha, vejo que afinal... não quero tanto assim.

Afinal, sou feliz com muito menos. Preciso apenas de sentir, preciso apenas de acreditar, de sorrir. Preciso da liberdade, aquela que me faz sentir que não tenho nada a perder. Foi sempre assim que vivi, numa corda bamba, a pagar para ver se caía ou ganhava asas para voar.
Quase sempre caí. E levantei-me. É por acreditar... que talvez amanhã, quem sabe, consiga voar.
Viver a arrumar histórias e a começar outras...ir depressa demais e outras vezes não ir sequer. Chorar porque rio e a rir porque choro. Com este coração que não me cabe no peito. E reconstruo-me assim por dentro, devagar.

Recordo que um dia li um provérbio que dizia que quando chegasse a um momento em que me sentisse, de tão cansada, incapaz de dar um passo sequer, teria chegado precisamente a metade do caminho que era capaz de percorrer. Talvez seja verdade. A coragem surge sempre algures, nessas coisas que nos escapam ao primeiro olhar...


É a falta. A falta do toque que sabemos ser por amor. A falta de alguém que nos trate bem, que nos mime, que esteja lá, simplesmente. Mais que namorado, marido ou amante. Companheiro. O porto para o qual sabemos sempre poder regressar. O ter alguém à nossa espera. O esperar por alguém. A quem dar o ultimo telefonema do dia. A quem desejar boa noite. A cabeça de descanso num peito que se mexe devagar. O silêncio. A mão e o corpo entrelaçados noutra mão e noutro corpo. O beijo. O riso. O chamego. O aconchego. O partilhar. Alguém para escutar, alguém que nos escute. O dividir. O acordar cedo porque está tanto por viver... a tranqüilidade das manhãs de domingo...as tardes de aconchego no sofá, entre cobertas e almofadas. As noites de travessura.
Cumplicidades... e o amor sempre escondidinho, ali perto, à espera do momento para gritar. E quantas vezes ninguém o ouve.


Por vezes a falta pesa. A falta de coisas tão banais...como o amor. O amor que quando não morre mata. O amor que muitas vezes, por desistir de nós, nos obriga a desistir dos nossos sonhos... sempre o amor. Que por ser tão odiado é tão procurado. E nessa procura, ele a bater à porta, de mansinho, e nós, distraídos.

Quantos sentem falta? E de quê? Ninguém fala das faltas que sentem, das saudades que têm. A verdade é que não se fala do que se sente... medo? Talvez. As coisas bonitas calam-se para se gritar alto as outras. As feias. É sempre mais fácil magoar que dizer gosto-te.


Eu sinto falta de muitas coisas...até de receber uma carta, verdadeira, em envelope fechado com o carimbo dos correios e tudo. Sem ser e-mail, que parece ser urgente demais...mesmo que fosse uma carta que começasse por: "minha querida Raquel...."
Saudades das coisas mais pequenas.... saudade.
E a saudade só faz com que espere. Espero o dia em que a possa matar, para sentir aquele sorriso que nasce inocente, por uma ternura que vem do peito, cá de dentro, devagarzinho... só para sentir que todo o tempo de espera não foi em vão...


A verdade é que sempre segui pelo melhor caminho, o único que naquele instante poderia seguir. Parece-me agora que sempre o mais difícil.
Hoje que penso nas perdas, nas faltas, na saudade, nas esperas constantes, vejo que perdi muitas almas, mas nunca a minha, perdi muitos corpos mas nunca o meu. Perdi muitos homens mas nunca o amor. Aquele que continua cá no fundo, onde faz eco. O que espera. Apenas.

"Não vou viver, como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você


É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você...

quarta-feira, 28 de março de 2007

Palavras




Hoje precisava de ti...
Não sei se do teu olhar, das tuas mãos, do teu sorriso, da tua voz ou simplesmente da tua escrita. As palavras têm o poder de fazer nascer de novo a esperança, da mesma forma que conseguem pôr por terra qualquer ilusão.
Muitas vezes é a ausência das palavras que faz com que tudo fique vazio, sem sentido. Hoje sinto-me um pouco assim, vazia, porque aos poucos, todas as tuas palavras se perderam por becos, por montes, por vales em forma de eco, mas sem chegarem a mim. Eu, que preciso das tuas palavras.
As palavras encantam-me. O poder que elas contêm, sabes?, por isso me é sempre tão importante conseguir acreditar no que me dizem as bocas, no que me escrevem as mãos.
Como se fosse o principio e o fim de tudo. Mesmo que a vida já me tenha ensinado que no fim, resta nada. Nem sequer as palavras...
Hoje, particularmente hoje, sinto-me cansada. Das palavras. De as escrever, repetidamente, misturá-las umas com as outras para te dizer o que existe cá por dentro. Deslizam de mim pela ponta dos dedos mas não dizem o que sinto, o que quero. Escrevi-te tantas só para te dizer... mas não fui capaz... parece-me que escrevi muito, mas mesmo assim, não o suficiente para que através delas entrasses em mim para saberes como é.
Esgotei as palavras. Enquanto me desgastei nas esperas. Inevitavelmente teria de ser assim.
Hoje queria dizer-te tantas coisas e faltam-me as palavras...
Este silêncio em vez de ti, corrói por dentro. E digo mil vezes em voz alta que preciso esquecer-te, para ver se consigo escutar-me. Eu sei que chegará a hora em que será assim. Eu sei...
Sei tambem que o que mais custa nem sequer é terminar, mas sim aceitar que terminou.
Vou ser capaz, vais ver. Tu não serás uma decepção maior que todas as outras. Irás ficar aqui num cantinho qualquer do meu coração, para que se um dia me cruzar contigo, possa olhar-te nos olhos sem ter que baixar os meus.
Todas as histórias de amor são iguais... também tu um dia já não me irás doer.
Queria dizer-te tantas coisas... mas este peso nos ombros que o teu silêncio me traz, estas mãos tão vazias, tão cheias de nada...
Talvez chorar me aliviasse o peito, mas já não quero. Não quero chorar, mesmo que precise.
Sabes aquelas horas em que te olhas ao espelho e já não sabes de ti? Aquelas horas em que olhas para um caminho percorrido e sentes que todas as esperas foram vãs? Todos os dias em que pensaste que talvez fosse hoje, e nunca foi? Que a cada telefonema, a cada carta, acreditaste, e tudo continuou suspenso? Não sei se sabes do que falo... talvez esta seja também uma daquelas cartas em que tanto escrevo e no fim continua tudo por dizer, porque não consigo transmitir toda a confusão de sentimentos que existe dentro de mim.
Sabes aquelas horas em que sentes uma vontade a te nascer por dentro de desistir? Sinto-me assim. Porque ainda te quero. E não te quero mais. Porque ainda te espero. E não quero esperar mais...
Posso dizer-te que te sinto a falta, sabes? E talvez fique tudo dito.


"Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco."
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 27 de março de 2007

Contradictions, or me.

Pai



ABRIL.
OUTONO.
POR MAIS QUE TENTE, A SAUDADE QUASE ME DESTRÓI...

DE REPENTE, JÁ NÃO ESTAVA AQUI, NUM INSTANTE JÁ NÃO PODIA DAR-ME A MÃO PARA ME ENSINAR O CAMINHO, JÁ NÃO ME CHAMAVA A TENÇÃO DOS PASSOS ERRADOS QUE DAVA NA VIDA, JÁ NÃO ME SORRIA QUANDO DIZIA BARBARIDADES, JÁ NÃO ME DIZIA:
- É A MINHA FILHA MAIS REBELDE, POR ISSO É QUE GOSTO TANTO DE TI...
... E O MEU MUNDO DESABOU.

AGORA JÁ NÃO TE VEJO E REPITO TODOS OS DIAS:
-PAI, GOSTO MUITO DE TI...
SERÁ QUE ME OUVES?
"SAUDADE É O QUE FICA EM NÓS QUANDO O QUE MAIS GOSTAMOS SE VAI EMBORA". É ISSO QUE SINTO. SAUDADES. MUITAS. SAUDADES DE TI.
JÁ NÃO OUÇO OS TEUS PASSOS, O TEU LUGAR À MESA FICOU VAGO, O SOM DA TUA VOZ JÁ NÃO SE FAZ OUVIR... E EU TENHO SAUDADES.
MOMENTOS QUE PRECISEI TANTO DE TI, BONS E MAUS, E TU NÃO ESTAVAS PRESENTE, OU ESTAVAS?
ÀS VEZES PENSO QUE SIM... A VIDA NÃO PODE SER SÓ ISTO.
A IMPOTENCIA QUE SINTO POR TE TER VISTO PARTIR SEM NADA PODER FAZER, NÃO TER HIPOTESE DE VOLTAR ATRÁS NO TEMPO E TER A CERTEZA DE QUE TU SABIAS O QUANTO TE AMAVA.
É O QUE MAIS ME DOI. NÃO TE DISSE VEZES SUFICIENTES QUE ERA O MELHOR PAI, QUE SABIA QUE ERA QUEM QUERIA O MELHOR PARA MIM, QUE TE AMAVA...QUE SEM TI A VIDA SERIA MUITO PIOR...
E FOI. E É.

A TUA MORTE FOI A FORMA MAIS CRUEL QUE A VIDA ENCONTROU PARA ME MOSTRAR QUE QUEM MAIS AMAMOS NÃO ESTÁ CONOSCO PARA SEMPRE, MAS NO ENTATANTO, POR BREVES MOMENTOS, AINDA TE SINTO.
PENSO ATÉ QUE MORRERÁ SIM, MAS SÓ NO DIA EM QUE MAIS NINGUEM SE LEMBRAR DE TI. E ESSA SIM, É UMA MORTE TRISTE, A MORTE POR ESQUECIMENTO.

O TEMPO VAI APAGANDO OS PORMENORES DO TEU ROSTO MAS AO PENSAR EM TI O QUE MAIS RECORDO SÃO TEUS OLHOS...TÃO VIVOS E MARCANTES.. E NAQUELA NOITE TÃO FECHADOS, TÃO SEM VIDA...

FOI VOCÊ QUE ME ENSINOU A SER PARTE DO QUE SOU HOJE, QUE ME ENSINOU A CAMINHAR COM OS MEUS PRÓPRIOS PÉS, QUE FICOU ALGUMAS VEZES A VER-ME LEVANTAR DEPOIS DA QUEDA SEMPRE COM A SUA MÃO PERTO DE MIM. FOI VOCÊ QUE ME FEZ TER FÉ, QUE ME ENSINOU A CREDITAR, QUE ME DISSE QUE NÓS NUNCA ESTAMOS SÓS, QUE DEUS ESTÁ SEMPRE CONOSCO. E EU ACREDITEI. E ACREDITO .
É POR ISSO QUE AINDA HOJE GUARDO COMIGO UMA COISA QUE O SENHOR ME DEU E QUE TANTO ME AJUDA DESDE A HORA EM QUE PARTIU, NOS MOMENTOS EM QUE DEIXO ABALAR A MINHA FÉ, ESTÁ GRAVADA NUMA MENSAGEM QUE O SENHOR ME DEU EM MEU ANIVERSÁRIO HÁ 3 ANOS ATRÁS:


"PEGADAS NA AREIA"

SONHEI QUE ESTAVA CAMINHANDO
NA PRAIA JUNTAMENTE COM DEUS.
E REVI, ESPELHADO NO CÉU,
TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA PASSADA.
E EM CADA DIA VIVIDO
APARECIAM NA AREIA DUAS PEGADAS:
AS MINHAS E AS D'ELE.
NO ENTANTO, DE QUANDO EM QUANDO,
VI QUE HAVIA APENAS AS MINHAS PEGADAS
E ISSO PRECISAMENTE NOS DIAS
MAIS DIFICEIS DA MINHA VIDA.
ENTÃO EU PERGUNTEI A DEUS:
" SENHOR, EU QUIS VIVER CONTIGO
E TU PROMETESTE FICAR SEMPRE COMIGO.
PORQUE ME DEIXASTE SOZINHO,
LOGO NOS MOMENTOS MAIS DIFICEIS?"
AO QUE DEUS RESPONDEU:
" MEU FILHO, SABES QUE TE AMO
E QUE NUNCA TE ABANDONEI.
OS DIAS EM QUE VISTE
SÓ UMAS PEGADAS NA AREIA
SÃO PRECISAMENTE AQUELES
EM QUE EU TE LEVEI NOS MEUS BRAÇOS..."



Saudades / Mudanças

O porquê deste vídeo... pela musica e pelas imagens de um filme que um dia vi, que me fez gastar uma caixa de kleenex por tanta lágrima que chorei como Madalena arrependida. Pela coragem que precisamos ter para saltar e começar a viver. E pela força que nos vem de dentro, que nos obriga a seguir lembrando tudo o que se sentiu, por mais terrível que tenha sido a nossa dor.



Raquéis



Por trás do véu, existem tantas de mim!
Saio de casa de sorriso no rosto, de altivo porte, de bem com a vida.
E existo eu, deitada numa cama tão imensa, tão sozinha, com um sentimento de abandono em mim. Abandonada pelo amor, abandonada até pela Raquel que preciso e quero ser.

Parece até que me divido em mil numa só. Parece até aqui dentro sou vazia e cheia de nada.
Os meus dias multiplicam-se para acompanhar os outros nas dificeis caminhadas, para limpar lágrimas e oferecer sorrisos.
E depois existe a Raquel que não tem companhia. Nem quem limpe lágrimas.
Existo a rir por tudo...a chorar por nada.
Existo forte, rude, cruel e má... e existo eu de coração meigo, carente, fraca, sozinha.
Existe a Raquel coragem...existe a Raquel que quer sair da rede do medo.
Como me posso conhecer?
Como posso dizer como sou?

É como que se eu, assim, seja suficiente em tudo. Finjo que o amor carnal não me faz falta, que não preciso que a pele se rasgue, finjo que na minha loucura sou saudável. Como se fosse feliz sozinha...
E existo eu, assim, triste sozinha. Com tanta coisa em mim para dar, com palavras meigas, com sorriso amigo, com carinho que quero e preciso dividir. Com falta desse amor feito de pele de carne e de sabor...

E com quem?
Por vezes o mundo parece-me cruel, os outros derrubam barreiras que eu construí e depois deixam assim a vida em ruínas... a minha vida.
E sei que quanto mais tempo estiver sozinha, mais custará deixar entrar alguém. Sei disso. E mesmo assim o medo de perder tudo o que possa construir me faz afastar de quem sei que ama, que quer e que deseja. Ou talvez não. Talvez seja ilusão..talvez não me amem, nem queiram nem desejem. Talvez.

Quando à noite me deito, faço os sonhos. Imagino o que sei que dificilmente terei...

Na verdade a falta de um carinho, de um amor, de uma paixão, chega a pesar.
E mesmo assim, quando o coração amolece, recuo. Digo as palavras que sei que vão magoar. Por vezes, se fizer com que me odeiem é sempre bem melhor, para que seja mais fácil esquecerem-me. A paixão consome-nos, leva-nos ao extremo...e eu ia achar fantástico apaixonar-me. Mas há a Raquel que não quer, que se afasta.

Existe a Raquel que calça as botas de saltos altos, que cruza a perna e a Raquel que se senta no chão.
Existe a Raquel mulher...e a Raquel criança.
A que chora ao ver um gesto num filme e a que é indiferente.

Sou a contradição.
Sou tudo e nada. O riso e o choro. A noite e o dia.
O preto e o branco.
Sou o talvez...

E sei que é difícil ser tantas Raquéis.
E sei que sou um emaranhado de confusões.
E sei também que choro demais.
E sei que...nada...

segunda-feira, 26 de março de 2007

Recado



-------

Se eu fingir e sair por aí na noitada, me acabando de rir
Se eu disser que não digo e não ligo, que fico... Que só vou
aprontar
É que eu sambo direitinho, assim bem miudinho, 'cê não sabe
acompanhar
Vou arrancar sua saia e pôr no meu cabide só pra pendurar
Quero ver se você tem atitude e se vai encarar

Se eu sumir dos lugares, dos bares, esquinas e ninguém me
encontrar
E se me virem sambando até de madrugada e você for até lá
É que eu sambo direitinho, assim bem miudinho, 'cê não sabe
acompanhar
Vou arrancar tua blusa e pôr no meu cabide
só pra pendurar
Quero ver se você tem atitude e se vai encarar

Chega de fazer fumaça, de contar vantagem, quero ver chegar
junto pra me juntar.
Me fazer sentir mais viva, me apertar o corpo e a alma me
fazendo suar.
Quero beijos sem tréguas, quero sete mil léguas sem descansar
Quero ver se você tem atitude e se vai me encarar

Se eu fingir e sair por aí na noitada, me acabando de rir
E se eu disser que não digo e não ligo e que fico... E que só
vou aprontar
É que eu mando direitinho, assim bem miudinho, sei que você vai
gostar
Vou arrancar sua blusa e pôr no meu cabide só pra pendurar
Quero ver se você tem atitude e se vai encarar

Quero ver se você tem atitude e se vai encarar!
Quero ver se você tem atitude e se vai encarar...

AMOR INCONDICIONAL

Vasco 3 X Flamengo 0




"As cinco razões pelas quais o Futebol é melhor que Sexo:

Primeira: é legal ganhar dinheiro a jogar futebol.

Segunda: há muitas pessoas que continuam a jogar futebol depois do casamento.

Terceira: no futebol, o equipamento de proteção é reutilizável.

Quarta: uma partida de futebol dura peeeeelo menos hora e meia!

Quinta: no futebol toda a gente acaba ao mesmo tempo."

Quem é que ainda prefere o sexo???

sexta-feira, 23 de março de 2007

L..imite?

Mulher com fome de viver. Aprendo a ser assim. Lapa, cinema, teatro, jantar no Japonês, trabalhar, estudar e morar sozinha, e me AMAR = minha semana, antes do final de semana.

Esperar até que a semana termine, o que é relativo se eu escolho o dia em que ela começa, para que eu possa fazer cócegas em minha alma soa como algo cruel, pouco colorido e nada inteligente.

E explico a minha opinião, muito embora eu fico realmente feliz caso a sua revele-se oposta.

Vejo a vida como um feixe de energias que pode se dissipar ou aumentar. E esta opção depende intrinsecamente de minhas escolhas em como me permitir ser, e em como dar espaço para que outras pessoas sejam em minha história.

Daí, que hoje não delimito espaços para que eu me expanda, me permito SER!

Limites? Ainda existem, e bem marcados. Porém só serão usados quando algum Ser impeça que eu Seja, e mais ainda que SEJAMOS.

Piada interna

Em homenagem ao meu querido vestido de zebra que tanto inspira meus workmates...

quinta-feira, 22 de março de 2007

En...saio

Raquel num ensaio para maiores mudanças em alguns anos.

As cascas são por mim retiradas a cada dia. Percebo mais a mim, e ganho iluminadas forças para seguir modificando-me, sempre.
Estou construindo para, sinto que, e espero que seja!

Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always some reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh beautiful release
memories seep from my veins
let me be empty
oh and weightless and maybe
I'll find some peace tonight

In the arms of the angel
far away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you feel
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here

So tired of the straight line
and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
you keep on building the lies
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escaping one last time
it's easier to believe in this sweet madness oh
this glorious sadness that brings me to my knees

In the arms of the angel
ar away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you feel
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here

Sarah McLachlan

Unwritten

Just perfect!



I am unwriten, can't read my mind, I'm undefined
I'm just beginning, the pen's in my hand, ending
unplanned

Staring at the blank page before you
Open up the dirty window
Let the sun illuminate the words that you could not
find

Reaching for something in the distance
So close you can almost taste it
Release your inhibition
Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins
The rest is still unwriten

Oh, oh

I break tradition, sometimes my tries, are outside the
lines
We've been conditioned to not make mistakes, but I
can't live that way

Staring at the blank page before you
Open up the dirty window
Let the sun illuminate the words that you could not
find

Reaching for something in the distance
So close you can almost taste it
Release your inhibition
Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins

Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins
The rest is still unwriten

Staring at the blank page before you
Open up the dirty window
Let the sun illuminate the words that you could not
find

Reaching for something in the distance
So close you can almost taste it
Release your inhibitions
Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins

Feel the rain on your skin
No one else can feel it for you
Only you can let it in
No one else, no one else
Can speak the words on your lips
Drench yourself in words unspoken
Live your life with arms wide open
Today is when your book begins
The rest is still unwriten
The rest is still unwriten
The rest is still unwriten


--- Natasha Bedingfield ---



quarta-feira, 21 de março de 2007

Primas

Lapa - 19/03/2007

Confesso



Se alguém me perguntasse hoje qual o maior mistério que me intriga no planeta, eu diria :

- Aprender como se troca um pneu!

É algo surreal perceber, quando percebo, que o bendito está furado e sentir minha fragilidade pois não sei trocá-lo. É uma situação de tamanha impotência, que meu cérebro demora a processar possíveis soluções a este dilema.

E parece que os Céus querem realmente que eu me livre deste trauma. Pois nos últimos 90 dias já se foram 4 pneus, e em lugares e horários os mais absurdos possíveis. Sempre me deixando enrolada e nas mãos dos homens, pois parece que possuem o conhecimento supremo em como trocar pneus de carros de mulheres cujos cérebros não processam este tipo de informação.

Depois, chego a rir de meu desespero em ligar para todas as pessoas do sexo masculino de minha agenda em busca de informações como o tipo do dito cujo, o preço, o que seria uma roda “quadrada” e etc...

E a sensação quando você está numa autorizada ou num borracheiro? Há algo mais aterrorizante e invasivo do que a pergunta: que tipo de serviço a senhora quer que faça sem eu carro? Primeiro pelo senhora, o que me faz sentir uma velha coroca, e a contar os anos que me separam da fronteira balzaquiana. E depois porque vem junto de um sarcasmo machista que nos deixa em grande saia justa.

Talvez um tratado de física fosse mais fácil de ser resolvido!

Somos bonitas como somos

terça-feira, 20 de março de 2007

Recuperada



Seu medo e vaidade fizeram recuperar o juízo
que eu havia perdido
no meio da sua saliva

By Patrícia Monte


*** Parabéns prima pelo lançamento de seu livro "Borboletas na Barriga", ontem no Mistura Carioca /Lapa. Foi SHOW!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Raquelcentrismo

A vida é apenas uma viagem. Solitária…

Futuro trabalho: desempregada.
Primeira ideia: estou fo****.
Segunda ideia: que se fo**.
Terceira ideia: vou embora.

Primeira pergunta: para onde?
Primeira sensação: aqui sou nada. Posso ser nada em qualquer outro lugar.
Primeiro pensamento: vou incendiar-me para depois renascer das cinzas, procurar abrigo onde todos os anjos dormem.

Segunda pergunta: Porquê?
- Porque sim. Porque quero. Porque preciso.
- Já não há nada de novo aqui.
- Sei que na distância terei outro discernimento.
- Talvez na saudade encontre um caminho.
- Talvez consiga abandonar o amor que não quero sentir.
- Olhando de longe, talvez perceba onde estou a errar.
- Tentar. Mais não seja para descobrir que o meu lugar, afinal, é aqui.
- Porque não quero morrer só porque estou viva, isso é comum. Quero morrer enquanto vivo.
- Porque, acima de tudo, só se vive uma vez, mas se for da melhor maneira possivel, uma vez basta.

Vou sozinha. Procurar por mim lá longe. Quem sabe me encontro? Talvez na distância perceba quem realmente está perto de mim.
Não sei… não sei porque vou. Sei que não posso continuar aqui a assistir a vida a desabar sem nada poder fazer. Mas posso, afinal posso. Posso partir, sempre. Posso ser livre dentro de todas as prisões que tenho dentro de mim. Mesmo que nem saiba bem o que fazer com esse ser livre que existe em mim.
Talvez por tudo, por nada. Recomeçar como sempre fiz afinal.
Preciso domar este coração selvagem. Mesmo que não acredite que isso é possível. Ou pelo menos ensiná-lo a não dar tanto de si, a não me bater acelerado no peito, revoltado. A não ficar triste por tudo o que dá sem receber.

Sei que sentirei saudade. E tenho a mesma certeza que essa saudade me fará bem. Para saber. Para aceitar todos os fins que me impõem. Todas as causas pelas quais não me deixam lutar. Conformar-me com o que decidem por mim. Aceitar, abandonar numa qualquer berma de estrada e seguir.
Porque sou pássaro que voa para lugar algum, porque tenho asa ferida e mesmo com apenas uma asa, atrevo-me a voar. Se cair, será ao tentar levantar-me.

Sei que nem sequer tenho idade para me deixar guiar pelo sonho, pela aventura. Apostar as fichas que tenho e partir, abandonando o que conheço e o que tenho. Sei que supostamente devia ficar e encontrar um trabalho. Mas o que faço, é ir embora sem pouco me importar com isso. Invisto o que tenho numa partida que nem sei se terá regresso. Preciso ir para ver, sentir, cheirar, conhecer.
Vou, depois logo vejo.
Encontrar respostas, talvez, que aqui, perto de tudo o que quero, embalada em sentimentos, não consigo.
Vou. Apenas. Deixo-me ir numa viagem tão só quanto aquilo que sou, carregando tudo aquilo que amo. Talvez seja loucura… mas sinto que preciso ir.
Tenho medo, mas esse medo só me faz seguir em frente.
Todos os passos que damos, sozinhos, sempre são mais penosos. Acompanhados, tudo fica mais fácil. Mas nada que vale realmente a pena é fácil, por isso preciso fazer isto assim, sozinha. Vou comigo. Aliás… os meus últimos anos têm sido assim.
Caem as lágrimas porque preciso ir e nem sei se quero. E ao mesmo tempo quero tanto mas não sei se será isso que preciso. E parece-me ver toda a minha vida resumida a um simples "não sei". Mas um “não sei”, é tão imenso, contem em si tantas respostas que possivelmente até sou eu que não as quero aceitar. Mas nem isso sei…
Mas já nada me move. Decidi e não volto atrás. Porque algo cá por dentro me diz para partir. Atravessar oceanos e continentes para perceber, no outro lado do mundo, que tudo fez sentido, que nenhuma luta minha foi em vão. Partir de coração pesado e voltar depois renovado, renascido da cinza, leve e livre. Com espaço para que entrem em mim novos amores, para me permitir sentir o que já não lembro, ou pelo menos, viver as histórias, dar-lhes uma continuidade. Por uma vez que seja, que não fiquem apenas histórias suspensas.


Inicia-se uma nova época. Uma outra etapa. Da mesma forma que me começou um novo caderninho, na mesma forma que se inicia o Outono.
Março, sempre foi mês de mudança na minha vida. Este, não podia ser diferente.
Pago para ver. Porque sou crente, porque sempre acredito que é possível.
Sinto-me perdida, confusa, sem norte. Sinto-me perdedora de todas as lutas que travei. Sinto-me desorientada e não percebo o rumo que sigo, sempre que olho para os caminhos que decidi seguir. Sou um elefante numa fila indiana… sigo atrás de quem tem as costas voltadas para mim, em vez de olhar para trás, ver quem me segue, fielmente, quem vem no meu encalço.
Um dia, inevitavelmente, seria assim. Num quase desespero, numa vontade que nos rebenta os muros do peito e nos faz arriscar, sorrindo e chorando. Saltar, criar asas e tentar voar.
Talvez seja fugir… mas sei que todos os amores grandes, um dia, nos fazem voltar. Sei que mesmo que fuja, levo comigo todos os momentos felizes para sempre os recordar com ternura. Só não quero fugir de mim… do que sou.
E se for apenas uma fugitiva, que nunca parta pensando que de longe, não vou lembrar.
E se chorar, que todo o céu se cubra de astros e estrelas, para ter a certeza que algures, quem sabe, alguém pense em mim, com carinho…

Como confissão: A todos que estão e estiveram desse lado… Aos que conheço e a todos os que se mantêm no silêncio das sombras, quero dizer-lhes que no meio de todo o meu “não sei”, tenho a certeza que vou sentir a falta de todos vocês.
Na minha ausência, falem-me sempre, como se eu estivesse aqui. Orem por mim…
E mantenham-me a casa limpa, perfuma e arrumada, para me receberem um qualquer dia destes, talvez quando já nem lembrarem quem sou. Que se conseguir, lhes dou noticias. Se não, quando voltar, falarei de tudo o que vi, o que senti. Se um dia voltar…

E perdoem-me a loucura, se poderem... mas "metade de mim é amor, e a outra metade, também."

sexta-feira, 16 de março de 2007

Young Folks

Music video for Peter, Bjorn & John's single "Young Folks"!

This song, that features Peter in a duet with Viktoria Bergsman of The Concretes, deals with that first period in brand new relationship when you are nervous and dazed, when you’ve just met and only want to be with each other whilst at the same time worrying about how much you want to show your true self to the other person so as not to scare them.

”If I told you things I did before,
told you how I used to be,
would you go along with someone like me?”

- Young Folks


Lindo

Metade



___________________________METADE__________________________


"... E que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a musica que eu ouço ao longe, seja linda, ainda que triste.
Que o homem que amo seja para sempre amado mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a unica coisa que resta a uma mulher munida de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convivio comigo mesma, se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflicta em meu rosto, um doce sorriso, que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria para me fazer aquietar o espirito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.

Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a vida nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba.
E que ninguem a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é plateia, e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada...
Porque metade de mim é amor. E a outra metade... tambem."

(Oswaldo M)

quinta-feira, 15 de março de 2007

Papo

Encontro um amigo. Um café expresso ao balcão, põe-se a conversa em dia e lá vem a pergunta:

- E você? Continua sozinha?
- Nem sempre. Há dias em que estou mais sozinha que outros.
- Parece impossível…

Deixo a conversa por aí. Motivos há mais que muitos. E nem sequer quero entrar em detalhes.

Reflexos

Por vezes páro, naquelas alturas em que me parece ser tempo de parar.
Tempo de meditação, dizem uns. De reflexão, dizem outros.
Mas na reflexão, vimos reflexos. E os reflexos deturpam o que há de verdade em nós.
E eu vejo os reflexos de mim, daquilo que sou. Ou tento...
Vasculho-me por dentro, esmiuço cada sentimento, cada pensamento. E dou por mim a pensar que o que se vê nos reflexos, nem sempre é a pureza real do que existe.
Os reflexos deturpam, outras vezes enganam. Parece ser, mas não é. Torna-se preciso descobrir as sete diferenças, como se fosse apenas um passatempo de folha de jornal.

Quando olhamos para alguem e pensamos conhecer, não é verdade. Quase sempre vimos apenas o que desejamos ver. O que precisamos ver. Um dia, saberemos que afinal, nada era bem assim.
Possivelmente o que deixamos sair de nós, sejam imagens turvas do que somos. Talvez ainda se teime em esconder o que de melhor há. Se procure disfarçar as coisas boas que se tem. Porque na verdade, o caminho seguido pela razão, pode trazer muito mais arrependimento, mas tambem, sem duvida, muito menos dor.
Mas no fim, de que vale? O que fica?
A razão não nos faz sentir o coração em batimentos desalinhados, descompassados. A razão não nos deixa sonhar acordados com coisas que parecem impossiveis. A razão não nos faz sentir um tremor de mãos, nem o bambolear de pernas. Nem tão pouco nos faz sentir como se mil borboletas nos voassem no estômago.

Reflexos...
Apenas conseguimos perceber os reflexos de uma alma. Apenas conseguimos deixar sair de nós, luzes fugazes do que existe nos labirintos cá por dentro de nós. Como raios de sol que teimam em cruzar as nuvens espessas em dias de tempestade.

E percebemos, mais tarde, que víamos uma imagem reflectida num espelho, distorcida. E que possivelmente foi sempre assim que permitimos que nos vissem.

terça-feira, 13 de março de 2007

Mudanças

Só hoje senti
Que o rumo a seguir
Levava pra longe.
Senti que este chão
Já não tinha espaço
Pra tudo o que foge.

Não sei o motivo pra ir
Só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir
Mas quero procurar

E hoje deixei
De tentar erguer
Os planos de sempre.
Aqueles que são
Pra outro amanhã
Que há-de ser diferente.

Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu...

Só hoje esperei
Já sem desespero
Que a noite caísse.
Nenhuma palavra
Foi hoje diferente
Do que já se disse.

E há qualquer coisa a nascer
Bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer
Qualquer outro fim

Não quero levar o que dei
Talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar
Um pouco de céu
Um pouco de céu...


Mafalda Veiga

Amor incondicional

Eu, simplesmente, amo estes dois!

“Infância mesmo
a gente só pode ter
depois de crescer.
Porque antes
a gente não sabe.”

Noite de segunda

22.30 – Sento-me a cama. Estou estourada. Não é fácil o caminho por onde me obrigo a seguir. A disciplinar o coração e a boca. Estou a aprender, pelo menos. A esconder os pensamentos e a deixar de falar dos sentimentos. Principalmente dos que vão alem do que conheço. Daqueles que não consigo explicar, que não lhe sei o nome. Por isso os calo em mim. Silencio-os. Ou são eles que já são silêncio porque alguém os calou. Aceito-os, mesmo sem saber o que são, sem entender o que fazem cá dentro de mim.

Em menos de nada, mergulho no cheiro a coisas limpas. A minha alma também podia ter ido à máquina de lavar.
Vou deitar-me e tentar dormir. Fechar os olhos para que, quem sabe, veja tudo melhor. Num vale tranquilo de lençóis, onde os pensamentos são livres e o coração deixa de ser meu. E tudo fica muito maior e muito alem do horizonte que posso alcançar.

Cansei o corpo… e vês como não pensei em ti?

Bangu... Nostalgia

segunda-feira, 12 de março de 2007

Outono

Daqui a nada, é Outono outra vez...
Procura-me, enquanto não chega o Outono. Procura-me nas palavras, nos livros, na corrente de um rio, na água do mar, nas areias da praia.
Procura-me na distância, na saudade, no que nunca chegou a ser.
Procura-me em ti, talvez esteja lá.
Procura-me nas coisas simples que se sentem, nas cores, nos odores, nos risos.
Procura-me nos sons de musica, num dar de mãos.
Procura-me no céu negro, nas estrelas, numa lua redondinha, de tão cheia.
Procura-me num olhar que te consegue ver.
Procura-me no azul do céu, num vôo de gaivota, nos raios do sol.
Procura-me... talvez assim, um de nós, me consiga encontrar.

Agora, que daqui a nada é Outono outra vez, já só espero que brotem os frutos, da árvore que plantei. Só para não sentir que tudo o que foi cuidado com carinho, tenha sido em vão.
Enquanto isso, resta-me viver a vida, o melhor que sei...


sexta-feira, 9 de março de 2007

Raquel

Nasci gauchè na vida mesmo sem a ordem de um anjo...
Mesmo torta, não sou de esquerda, muito menos direita...
Sou do bloco das que preferem não dizer...
Nada, muita coisa!
Sou das que ninguém entende, como a Florbela.
Me disfarço, me critico e me adoro, como a Virginia.
Me assusta e acalma ser portadora de várias almas, como a Elisa.
Me deixo cortar e volto sempre inteira, como a Cecília
ou como a primavera...
Não gosto de tantas coisas que sempre me acho desperdiçando desgostos.
E gosto tão mais do que desgosto, que me acho eclética.
Sou fiel aos princípios... Os meios, cada um tem os seus.
Sou fiel aos sentimentos, pessoas não são fiéis.
Não tenho problemas em me olhar no espelho, mas através dele me assusto.
Tenho um amor, a Vida, e várias paixões que vêm com ela.
Gosto de mergulhos de cabeça, erguida, sempre.
Sou autora das minhas poesias.
Escuto a música que meus ouvidos gostam,
vejo o mundo na cor que quero,
falo o que penso
e não vivo só porque respiro.
Uso todos os sete buracos da minha cabeça
e invento outros ao longo do corpo.
Sou movida a prazer, e não satisfação.
Tento dialogar a mente com o coração.
Arrasto as correntes das quais não me liberto.
Ainda não me resolvi em muitas coisas,
continuo tentando
e não páro jamais...

ESTOU EM CONSTRUÇÃO.
- Raquel Oliveira

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"A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!"
(Raposa, em O Pequeno Príncipe)

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Para as, ainda, mulheres



Dia Internacional da Mulher foi comemorado ontem. Apesar de que no Brasil nossa data seja dia 30/04.


Nem todas as mulheres são Mulher.

Mas , o meu pensamento vai ter com todas aquelas que o são.


Às mulheres que choram enquanto cantam aos seus filhos canções de embalar.
Às mulheres que colocam quilos de ternura em tudo o que fazem e gramas de carinho em tudo o que dizem.
Às mulheres que sorriem ao mundo quando o mundo já as abandonou.
Às mulheres que não baixam os braços e nem sequer deixam de lutar.
Às mulheres de coragem que abraçam o amor.
Às mulheres que esperam de peito apertadinho e seguem a vida num desgaste de quem luta constantemente contra a maré.
Às mulheres que são maiores que o significado que a própria palavra pode conter.
Às mulheres que acreditam no futuro de todos os sentimentos bons.
Às mulheres que arriscam seguir o coração, mesmo sabendo que o preço a pagar será sempre maior.
Às mulheres descriminadas. Às que lhes silenciam as palavras, lhes calam a verdade.
Às mulheres que nem sabem o que significa liberdade.
Às mulheres que, apesar de tudo, se sentem felizes por viver, sempre que sentem um pôr-do-sol, um abraço, uma gota de orvalho, um sorriso, um rumor de rio sem corrente, um amigo.
Às mulheres de fé, que sabem que tudo vai melhorar.
Às mulheres que amam em silêncio ou que gritam o seu amor.
Às mulheres que riem por tudo, que choram por nada.
Às mulheres que carregam em si, um universo de mistérios.
Às mulheres que trazem consigo o sentimento de gratidão por tudo o que têm, mesmo quando a vida não lhes sorri.
Às mulheres que partilham a vida sem nunca se arrependerem.

Às mulheres que são, simplesmente, Mulher.


“A todas as mulheres que amam e sabem esperar. Para todos os homens que querem, mas não as sabem guardar.”
Margarida Rebelo Pinto

quinta-feira, 8 de março de 2007

Sísifo

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Não é por acaso que trago aqui, novamente, o poema "Sísifo" de Miguel Torga.
Como teve uma importância fundamental para mim no momento mais difícil da minha vida acho que devo publicá-lo para quem precisa.

Para você



Só quero dizer-te que te desejo um dia feliz. Quero dizer-te que quero saber-te todos os dias feliz. Que nos outros, lutes por isso. Que tenhas coragem, que sigas o teu coração sempre que te depares numa encruzilhada e não saibas por onde seguir. E sempre que a estrada for sinuosa, poeirenta e difícil, mesmo que não a possa fazer por ti, deixa-me dar-te a mão e fazer contigo parte do caminho.

Queria ter uma varinha de condão e dar-te o prazer do aconchego das noites frias de Inverno, dar-te o azul do céu nas manhãs de Primavera, dar-te o cheiro da maresia em dias de Verão, em passeios à beira mar, quando baixa a maré... e o som tranqüilo de folhas secas que se rasgam a teus pés em pleno Outono e o som da água de um rio que corre devagar. Queria contemplar o brilho da lua cheia, de uma noite como esta, refletida no teu olhar.
E queria tanto, tanto mais...
Não tenho varinha de condão... mas fecha os olhos. Sentes a brisa? Sou eu...


Obrigado por fazeres parte da parte bonita da minha vida.
E quero brindar contigo, porque tudo o que é grandioso em nós, precisa ser comemorado. E acredito que o que temos, é valioso...
Deixa-me dar-te um beijo, um abraço e dizer-te que mesmo que a vida vire tudo do avesso, vou querer-te sempre bem. E que se mantenha esta cumplicidade que um dia criamos e que soubemos manter, para sempre. Que não desistas de mim, enquanto sentires que vale a pena.
Vou sussurrar-te ao ouvido... Gosto muito de ti...

"Recomeça... se puderes, sem angustia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade. Enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade..."

Dia Internacional Mulher

Mulher,
bicho que sangra,
que morde,
que arranha.

Mulher,
bicho arisco, medroso:
ora corajoso, ora carente.

Mulher, todo e qualquer adjetivo lhe cabe
e toda ressalva lhe faz MULHER.

Enroladas,
enrolantes...
Amadas,
amantes...

Decididas, quando os hormônios lhe permitem.
Confusas, SEMPRE!

Incógnitas,
quando burlam o eu e se escondem no "ele sabe".
Lacônicas,
quando no labirinto do desejo, o medo grita mais alto que a própria vontade
e o corpo cala o instinto numa pseudo-razão torpe de tesão.

Mulher, mulher, mulher...
(Raquel Oliveira)

quarta-feira, 7 de março de 2007

Pergunta do dia

O que é roubar um banco em comparação a fundar um banco?

terça-feira, 6 de março de 2007

The Immigration Debate

Quelqu'un M'a Dit



Quelqu'un M'a Dit


On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux.

Pourtant quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore,
Serais ce possible alors ? (refrain)

On me dit que le destin se moque bien de nous,
Qu'il ne nous donne rien, et qu'il nous promet tout,
Paraît que le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou.

Pourtant quelqu'un m'a dit...

Mais qui est-ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?

Je ne me souviens plus, c'était tard dans la nuit,
J'entends encore la voix, mais je ne vois plus les
traits, "Il vous aime, c'est secret, ne lui dites pas
que je vous l'ai dit."

Tu vois, quelqu'un m'a dit que tu m'aimais encore,
Me l'a t'on vraiment dit que tu m'aimais encore,
Serait-ce possible alors ?

On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses,
On me dit que le temps qui glisse est un salaud,
Et que de nos tristesses il s'en fait des manteaux.

Pourtant quelqu'un m'a dit...


- Carla Bruni -

segunda-feira, 5 de março de 2007

Foucault X Chomsky

Eu sei, eu sei...
Grego para alguns, mas uma jóia para mim e outros tantos...

Deliciem-se!



Chomsky's interview

Vilarejo

Num tempo tão caótico, quando nós nem paramos pra pensar em nós mesmos, quiçá no outro, ouvir Marisa faz bem n’alma.

A vida quando se apresenta da forma mais simples é tão mais linda e densa. Pena que nós, mortais em evolução neste planeta, nós distraímos e esquecemos que viver é um aprendizado colorido, e que é nossa responsabilidade escolher as cores e os pincéis. Borrões, assim somos nós na maior parte do tempo. O real parece distante quando está, e sempre esteve, aqui dentro de cada um que lê este post. Fuga? Negação? Talvez... Uma forma mais fácil de fingir que o colorido se fará por si próprio: alienação. Aí, acabamos sendo eternos rascunhos vazios!


Composição: Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutos em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos

Subúrbio X Pecados Íntimos

“Pecados íntimos” esteve praticamente à margem da premiação do Oscar. Foram três indicações e nenhuma vitória. Concorriam Kate Winslet como melhor atriz, Jackie Earle Haley como melhor ator coadjuvante, Todd Field e Tom Perrotta por melhor roteiro adaptado. Mas faltava grandiloqüência ao filme para que ele levasse alguma estatueta. No entanto, é dessa aparente simplicidade que “Pecados íntimos” - cujo título original, “Little Children”, reflete infinitamente melhor o que se passa na tela - que o filme arranca suas maiores qualidades.

Há um clima de tédio na vida dos protagonistas, moradores de um subúrbio conservador e preconceituoso como sabem ser todos os subúrbios do mundo. Enquanto os dois atores tentam expressar ao telespectador como pode ser chata e monótona aquela vida, o filme acompanha o ritmo e provoca em quem está na poltrona a mesma sensação de enfado que os atores devem estar experimentando na tela. Conforme o clima entre os dois esquenta, as cores mudam, a luz se amplia e avança, e o tempo passa rápido, promovendo em quem vê a as mesmas sensações do casal apaixonado.

Muitos dos críticos avaliaram que o filme é sobre a hipocrisia dos norte-americanos moralistas, chocados com o pedófilo da vizinha, mas eles mesmos cheios de telhado de vidro. Já Ricardo Calil pega o filme pela característica interessante da crítica ao modelo de vida de subúrbio, que tem inspirado uma série de produções para refletir sobre a mediocridade do confinamento supostamente seguro.

Na minha opinião, “Pecados íntimos” trata principalmente sobre o que é – ou deveria ser – a vida de adulto. São dois casais – em cada um deles, há um cônjuge que fica em casa cuidando do filho e o outro vai trabalhar, trocando todos os dias o pacato subúrbio pela cidade grande. Os dois que ficam vivem num mundo infantil, cercado de crianças no parque ou na piscina pública que freqüentam todas as tardes.

A crise que enfrentam no casamento está localizada exatamente nessa distância – a parte do casal que trabalha, ganha a vida e paga as contas são frios e insensíveis, enquanto os que cuidam das crianças mantém acesos seus sonhos, expectativas e, sobretudo, guardam a sensibilidade à flor da pele.

Nesse contexto, o pedófilo simboliza essa inadequação com a vida adulta levada ao extremo – vive na casa da mãe, cercado de miniaturas de crianças e de relógios, símbolos da infância e da passagem do tempo. Não por acaso eles os destrói com violência e fúria numa cena belíssima.

A pedofilia aparece como a manifestação patológica de alguém que não conseguiu crescer – nem emocionalmente, porque o personagem ainda depende da mãe, nem sexualmente, porque seus desejos se voltam para a masturbação fixada em imagens infantis.

“Pecados íntimos” nos leva a pensar nesta suposta oposição entre vida adulta –racional, careta e comprometida com o pagamento das contas – e a infância –emotiva, livre e descompromissada como um agradável passeio sob temporal depois de uma tarde na piscina. No final (não vou contar, claro), o filme me transmitiu a incômoda sensação de que brincar, criar, sentir, amar, tudo isso pode ser muito, muito perigoso. Por isso, todos nós vamos cedendo às obrigações dos adultos, seja por medo ou necessidade de sobrevivência.

Na sua coluna da Folha de S. Paulo (fechado para assinantes), Contargo Calligaris faz uma leitura de “Pecados Íntimos” como um filme que fala de desejo - de fato, a cena na qual as mulheres discutem o livro “Madame Bovary” é exemplar do que significa comprometer-se com o desejo acima e antes de mais nada.

Mas os protagonistas de “Pecados Íntimos” fazem da resistência ao rolo-compressor das obrigações da vida adulta o único vislumbre para escapar da mediocridade. Mas por que deixar escapar a vida entre os dedos? Se cada espectador chegar ao fim do filme tendo feito essa pergunta, “Pecados Íntimos” terá valido a pena.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Nova ordem

Depois que eu joguei terra no vazio do meu vasinho e enterrei o que ficou pra trás, coloquei-o ao ar livre, bem livre. O vento trouxe novas sementes. Uma delas está começando a germinar. Estou regando, adubando, cuidando. Estou gostando.

Jazz la vie

A grande cantora Dinah Shore explica brevemente às crianças e ao povo o que o jazz pode fazer à nossa vida. E como exemplo, não está de modas: chama dois dos maiores saxofonistas de sempre - Gerry Mulligan (representante do west coast Jazz, o dito 'cool jazz')e o grande Ben Webster, veterano pré-bop e mestre absoluto)acompanhados de sidemen de luxo, como Mel Lewis (d), Leroy Vinegar (b) e Jimmy Rowles (p). Está tudo aqui, de bandeja, para que e perceba porque é que o jazz é a melhor música do mundo.

If

[Mulher ao espelho - Picaso]

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or, being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with triumph and disaster
And treat those two imposters just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to broken,
And stoop and build 'em up with wornout tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on";

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch;
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run -
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man my son


Mensagem do dia

Defenda-se

Não converta seus ouvidos num paiol de boatos.
A intriga é uma víbora que se aninhará em sua alma.

Não transforme seus olhos em óculos da maledicência.
As imagens que você corromper viverão corruptas na tela se sua mente.

Não Faça de suas mãos lanças para lutar sem proveito.
Use-as na sementeira do bem.

Não menospreze sua faculdades criadoras, centralizando-as nos prazeres fáceis.
Você responderá pelo que fizer delas.

Não condene sua imaginação às excitações permanentes.
Suas criações inferiores atormentarão seu mundo íntimo.

Não conduza seus sentimentos à volúpia de sofrer.
Ensine-os a gozar o prazer de servir.

Não procure o caminho do paraíso, indicando aos outros a estrada para o inferno. A senda para o Céu será construída dentro de você mesmo.

* * *

André Luiz

(Mensagem retirada do livro "Agenda Cristã" psicografia de Francisco Cândido Xavier)

quinta-feira, 1 de março de 2007