Não sei se depois de ti ficou dor, tristeza, revolta, mágoa, vazio, memória, saudade ou um amor maior... não sei.
O que sei é que se passa quase um ano, carregado de horas que se estendem e se dividem por minutos e segundos. E não há um dia que não lembre de ti. Um que seja...
Creio que depois de ti nada mais foi igual. Fazes-me falta, sabes?
Sinto-te a falta quando queria apenas que estivesses aqui. Quando sei que não estás.
Talvez por ti sinta todas as outras perdas como facas que se me espetam no peito e não me deixam respirar... que me deixam todas estas marcas, que cicatrizam devagar.
Perdi-te... e não queria perder mais ninguem.
Não que alguem substitua o teu amor, vê se me entendes, mas para me sentir amada. Alguem que gostasse de verdade de mim e permanecesse. Tu foste embora, todos vão embora... como se não me fosse permitido ter perto de mim alguem que eu ame...
Não sei se haverá uma forma certa de amar, a mim, parece-me que amo sempre da forma errada.
É que as pessoas partem mas os sentimentos continuam em mim, invioláveis, intocáveis...como este amor que tenho por ti. Que me faz chorar mas nunca me faz sentir que é em vão.
Perder-te foi perder uma parte de mim. Perder-te foi arrastar o sofrimento pela vida, mas tornar-me tambem numa pessoa melhor. Parece-te estranho?, por vezes a mim tambem.
Hoje posso ser mais frágil mas tambem muito mais corajosa. Afinal, perdi-te e segui viagem mesmo carregada de uma angustia que não larga o peito. Sobrevivi...significa que irei caminhar de cabeça erguida apesar de todas as outras perdas que possa sentir.
Mas apesar de tudo, hoje, sou capaz de amar de uma forma muito mais intensa. Talvez porque foi preciso que um alicerce desabasse na minha vida para entender que há coisas que não podem ser feitas nem ditas amanhã. Porque foi preciso perder-te para perceber que de repente tudo perde o sentido nesta vida tão fugaz. Que de nada vale guardar sentimentos, nem esconder a vontade de voar...
Num segundo, fica nada. E pior que isso, um nada que já não podemos mudar.
Quando chega o momento do fim, custa dizer a palavra, sabes?
Só porque estamos a ditar um terminar no tempo. E fica tanto tempo, não achas?, fica tão longe, uma distância que não nos cabe no peito... estamos a declarar que não haverá mais nada, estamos a querer acreditar que ao dizê-la tudo fique mais simples, mais fácil de esquecer. Mas não fica... porque nunca aceitamos o fim de algo que amamos.
Não dizemos a palavra porque nos dói, cá por dentro.
Aprendemos a viver sem a dizer, a que magoa, a que fere, a que nos faz mal.
Como naquela madrugada em que te toquei o rosto já tão frio e se deu um nó na minha garganta e as lágrimas a transbordarem-me dos olhos por não querer aceitar, o chão a fugir-me dos pés, o coração espalmado por um sofrimento que não se consegue explicar...por não querer perder-te, por não admitir que te fosses embora assim, sem me olhares nos olhos enquanto te dizia que te amo.
Ficou tudo suspenso... e por isso não te consegui dizer a palavra que ainda hoje arrasto comigo.
Naquela noite não tive coragem para a dizer. Sabia que não te veria mais, mas mesmo assim, não fui capaz. E hoje tambem não o vou fazer...
Um comentário:
Muito lindo e tocante, Quel !
Beijossssss
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