Presentes Passados

Não vamos negar que o passado tem certo charme. Que o fato de estarmos além dele faz com que o vejamos com outros olhos. Mesmo se ele foi mais sofrido do que prazeroso, na distância provocada pelos dias, meses ou anos, esparrama-se uma compreensão afetuosa quando pensamos no que ele guarda de nós. É no passado que moram as situações provocadas por aqueles que tinham como plano do destino, do Deus ou da entidade que seja, apenas passar por nós e nos despertar. Alguns provocaram tempestades capazes de nos tirar da letargia, da comodidade de não nos importarmos mais com o que acontecia a nossa volta. Outros foram apaixonantes. Chegaram com o frescor de fim de tarde, como se fosse o vento a lamber nossas faces, domesticado, amigo, companheiro. Deles a ausência sempre é mais difícil de superar. São eles que nos enchem os olhos de lágrimas, no cinema, quando uma cena de um filme nos lembra do que vivemos ao lado deles. Por e com eles. Eles são a sabedoria, porque foi com quem nos permitimos aprender.