Leio. Releio. Volto a ler. Viro páginas. Avanço linhas.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!
segunda-feira, 31 de março de 2008
+ Pessoa
"Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não."
"Só uma grande intuição pode ser bússola nos descampados da alma; só com um sentido que usa da inteligência, mas se não assemelha a ela, embora nisto com ela se funda, se pode distinguir estas figuras de sonho na sua realidade de uma a outra."
Soul
sexta-feira, 28 de março de 2008
Just Friends... For you, BABY!
"Sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando, mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois." - Guimarães Rosa
Ser professor
Eu não sei onde é a Rua Sampainho mas, apesar de não saber, ensinei minha filha a achar a Rua Sampainho. Essa é uma das coisas mais lindas sobre a vida de um professor. Não é aquele professor que sabe o programa, isso é banal. Os programas estão em livros, os professores que sabem o programa vão desaparecer: eles serão substituídos por disquetes, programas e livros. Mas ensinar a encontrar é a coisa mais importante: isso tem o nome de "fazer pesquisa"... é isso que a gente faz, não é? Quando a gente está ensinando a fazer pesquisa, está ensinando a coisa que a gente mesmo não sabe. O orientador da pesquisa é aquele que não sabe nada, quem sabe é o aluno, o aluno vai lá, visita a coisa, vem e conta para o professor e o professor aprende. Na situação de pesquisa, o orientador se torna aluno do aluno que faz a pesquisa."
Por: Rubem Alves
****
Eu achei isso lindo e vocês?
quarta-feira, 26 de março de 2008
segunda-feira, 24 de março de 2008
Presentes Passados
sexta-feira, 21 de março de 2008
Boa Páscoa! Joyeuses Pâques! Happy Easter!
de Alma
é viver em si
é viver no outro.
Páscoa é liberdade
em seu traduzir:
as portas abertas,
a luz inquietante
do mais novo dos mundos
desfazendo a sombra,
onde nos escondemos.
Páscoa é tomar o rumo da vida
com a esperança dos loucos
que só olham o sol dentro de si
e, sem saber, iluminam tudo.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Blame it on my youth
If, I expected love,
when first we kissed, blame it on my youth
If only just for you,
I did exist, blame it on my youth
I believed in everything
Like a child of three
You meant more than anything
You meant all the world to me
If, you were on my mind, all night and day, blame it on my youth
If, I forgot to eat, and sleep and pray, blame it on my youth
If I cried a little bit, when first I learned the truth
Don’t blame it on my heart, blame it on my youth
Rach translated by a Beatles song
Wednesday morning at five o´clock as the day begins
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen
Clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free
She
We gave her most of our lives
Is leaving
Sacrified most of our lives
Home
We gave her everything money could buy
She´s leaving home after living alone
For so many years
Father snores as his wife gets into
Her dressing gown
Picks up the letter that´s lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
"daddy, our baby is gone"
Why would she treat us so thoughtlessly?
How could she do this to me?
She
We never thought of ourselves
Is leaving
Never a thought of ourselves
Home
We struggled hard all our lives to get by
She´s leaving home after living alone
For so many years
Friday morning at nine o´clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade
She
What did we do that was wrong?
Is having
We didn´t know it was wrong
Fun
Fun is the one thing that money can´t buy
Something inside that was always denied
For so many years
She´s leaving home, bye, bye
Mais uma de saudades
---Acorda, criola! Sua prova é daqui a pouco... - foi assim que ela me acordou no dia que prestei vestibular e dormi em sua casa...
Vó, que saudades da senhora! Muitas...
Te amo eternamente.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Se poetisa, finjo...
A Dona do raio e do Vento
Braçadas leves e assimétricas me levam pelas águas de um sentimento em lento movimento. Flutuo sem perceber sobre a correnteza de lembranças e de esquecimentos. Mergulho para, sob a fluidez do amor e da saudade, dar passos vagos. Movimentos seguros de um dança solitária e improvisada por entre idéias que se dispersam com o vento. Vento com o vento porque sou eu, vivendo a favor do tempo.
FAÇO DA INSEGURANÇA A MINHA FORÇA, E DO RISCO DE "MORRER" MEU ALIMENTO.
NÃO CONHEÇO RAJADA DE VENTO MAIS FORTE DO QUE A MINHA PAIXÃO!
terça-feira, 18 de março de 2008
Afinidade(s*)
do Lat. affinitate
s. f.,
qualidade de afim;
parentesco de um cônjuge com a família de outro cônjuge;
grau de semelhança e relação;
coincidência de gostos ou de sentimentos;
Quím.,
tendência combinatória entre moléculas heterogéneas;
Mat.,
importante categoria de transformações geométricas.
*que se perdem, ou quiçá nunca existiram...
sexta-feira, 14 de março de 2008
[Re]lembrando que ainda sou PRODUTORA EDITORIAL... [risos]
Os 6 mandamentos da direção de arte | |
1. JAMAIS ESQUECERÁS QUE A CRIAÇÃO COMEÇA PELO CONCEITO Começo com uma dica que serve tanto para redatores quanto diretores de arte. Nem adianta começar a trabalhar, seja criando títulos ou elaborando um layout, ser ter um conceito criativo definido na cabeça. Tudo começa pelo briefing. Nele está descrito o objetivo da comunicação. Se não está, a falha já começou lá no atendimento. Depois de ler o briefing, pesquisar sobre o produto ou serviço (nunca aceite a informação que um atendimento lhe passa como verdade absoluta), entender sua natureza e funcionamento e focar seus esforços no objetivo daquela campanha, você deve transformar tudo isso em peças publicitárias. Ou seja, dizer tudo aquilo da forma mais breve e surpreendente possível. 2. NÃO PULARÁS AS PRELIMINARES ANTES DE CHEGAR AO GOZO Calma aí que eu explico. Criação é como sexo. Pra chegar ao ápice é preciso de estímulos. Para se chegar ao orgasmo criativo, é preciso também de uma série de preliminares. A primeira delas é o brainstorm. Aquele bate-papo informal em que a equipe discute o problema e põe pra fora toda e qualquer idéia que lhes vêm à cabeça. É a hora do vale tudo. Aqui não pode ter censura. E nem pense em se aproveitar para detonar as idéias da sua colega loira. Ao fim da orgia mental, no meio de tantas idéias, deve haver pelo menos uma legal. Aí vale à pena, uma nova discussão para aprimorá-la e só então, você deve se aproximar do maior objeto de desejo de qualquer pessoa da criação: o computador. 3. UTILIZARÁS COM SABEDORIA E PROPRIEDADE O GRANDE PODER DAS CORES Assim como na tipografia, é muito comum a pessoa da criação se limitar às opções das paletas do software. O olho humano é capaz de perceber 16 milhões de tonalidades diferentes! Como você pode se limitar a algumas dezenas delas? Ao invés da paleta utilize o seletor de cores, onde você pode deslizar por entre elas, descobrindo tonalidades originais e surpreendentes. É comprovado cientificamente: as cores afetam o estado emocional das pessoas de forma direta. Utilize esse poder e use as cores para despertar emoções no seu público-alvo. Estudando a psicodinâmica das cores e até observando as reações desencadeadas pelas cores em si próprio, você vai perceber que a cor adequada à mensagem e ao público pode garantir o sucesso do seu trabalho. Por exemplo: você já pensou em um anúncio voltado para o público jovem trabalhado com cores frias ou tons pastéis? Nada a ver, né? E o contrário: um anúncio sério para executivos com cores radicais? Também não cola! Pensem nisso antes de clicar na paleta ou no seletor, de preferência. 4. NÃO DISTORCERÁS FONTES OU IMAGENS Ao selecionarmos um objeto em um programa de computação gráfica, automaticamente surgem alças ao seu redor. Para fontes e imagens a regra é uma só: amplie ou reduza o elemento somente pelas alças das quinas. Assim, eles têm as suas proporções respeitadas ao serem ampliados ou reduzidos. Fontes ou imagens "esticadas" ou "achatadas" são um verdadeiro atestado de amadorismo e garanto que, para a maioria dos diretores de criação, motivo de demissão por justa causa. 5. NÃO SE LIMITARÁS À FONTE DEFAULT Tipografia é personalidade. Escolher a fonte ideal para um título, para um bloco de texto ou para o nome ou descritivo de uma logomarca é uma tarefa que exige sensibilidade, critério e consciência da idéia a ser transmitida. Portanto, não se limite, por preguiça ou comodismo, às chamadas "fontes de sistema" (aquelas que já vêm embutidas no Windows) como a "Times New Roman", "Arial" ou "Verdana". Ou ainda as fontes "default" - aquelas que os próprios softwares aplicam quando você digita um texto (Avant-Garde, no caso do Corel Draw). Pesquise e busque novas opções (a Internet esta aí pra isso) e faça o seu próprio "fontfolio", organizando fontes novas e diferentes em um CD. Mas lembre-se. Não adianta ser diferente só por ser diferente. Lembre-se sempre dos critérios para a utilização de tipos: legibilidade (de nada adianta uma fonte transada se não dá leitura), adequação à mensagem e ao público-alvo (tipos descontraídos para anúncios jovens, clássicos para anúncios sofisticados e objetivos para anúncios técnicos, por exemplo.), adequação ao meio (um outdoor precisa de rápida visualização e, conseqüentemente, fontes sem serifa; mas fontes serifadas podem ser muito bem-vindas num anúncio, por exemplo) e história do tipo (saber que a Edwardian Script é inspirada na escrita cursiva do período Eduardiano inglês e que a Verdana foi criada especificamente para telas de computadores são dados bem elucidativos na hora de utilizá-las, não?). Se no fim das contas, por algum desses três critérios, você achou que a Times ou a Arial é a melhor escolha, aí sim, você vai ter uma boa razão para usá-las. 6. NÃO SE OBSSECARÁS PELA COMIC SANS Está aí um fenômeno tão inexplicável quanto os garfos entortados pelo Uri Gueller no Fantástico (um guru que entortava talheres com o poder da mente nos anos oitenta). Por que raios todo mundo que conheço tem uma atração fatal pela Comic Sans? Vamos falar um pouco sobre essa fonte tão amada por vocês? A Comic Sans é assim chamada pelo fato de ter sido inspirada na tipografia das histórias de quadrinhos (daí o "comic") e por não ter serifas (daí o "sans" ou "sem" em latim: sem serifas.). Enfim, uma fonte descontraída, inspirada no universo adolescente das HQs. Aí vem o Pedrinho tascando-lhe Comic Sans no anúncio do hospital, Mariazinha enfiando Comic Sans no anúncio para o empreendimento imobiliário... Pô, assim não dá! E os quatro critérios foram parar aonde? É melhor nem responder. |
quarta-feira, 12 de março de 2008
From Curitiba - Thank you!!
Compreendi que viver é ser livre...Que ter amigos é necessário...Que lutar é manter-se vivo...Aprendi que o tempo cura...Que a mágoa passa...Que a decepção não mata...Que hoje é reflexo de ontém...Que os verdadeiros amigos permanecem...
terça-feira, 11 de março de 2008
"You're Gonna Make me Lonesome when you go"
It's never been this close before
Never been so easy or so slow
Been shooting in the dark too long
When something's not right it's wrong
You're gonna make me lonesome when you go
Dragon clouds so high above
I've only known careless love,
It's always hit me from below.
This time around it's more correct
Right on target, so direct,
You're gonna make me lonesome when you go
Purple clover, Queen Anne lace,
Crimson hair across your face,
You could make me cry if you don't know.
Can't remember what I was thinkin' of
You might be spoilin' me too much, love,
You're gonna make me lonesome when you go
Flowers on the hillside, bloomin' crazy,
Crickets talkin' back and forth in rhyme,
Blue river runnin' slow and lazy,
I could stay with you forever
And never realize the time.
Situations have ended sad,
Relationships have all been bad.
Mine've been like Verlaine's and Rimbaud.
But there's no way I can compare
All those scenes to this affair,
You're gonna make me lonesome when you go
You're gonna make me wonder what I'm doing,
Staying far behind without you.
You're gonna make me wonder what I'm saying,
You're gonna make me give myself a good talking to.
I'll look for you in old Honolulu,
San Francisco and Ashtabula,
You're gonna have to leave me now, I know.
But I'll see you in the sky above,
In the tall grass, in the ones I love,
You're gonna make me lonesome when you go.
BY BOB DYLAN
segunda-feira, 10 de março de 2008
Because it's Monday...
Enjoy it!
Raquel - Instruções do meu manual [4]
"Aparentemente sou alguma espécie de agente de outro planeta. Mas não tive minhas ordens decodificadas ainda ."
domingo, 9 de março de 2008
VIDA!!!
sexta-feira, 7 de março de 2008
[as]sumi
[Raquel Oliveira]
Instruções do meu manual [3]
Jazz e MPB nos ouvidos, litros de mate por dia, e mais páginas de livros escritas diariamente no escritório.
Jazz e MPB nos ouvidos, televisão sempre desligada, vinho, água de coco, óleos essenciais, e mais páginas lidas e escritas noturnamente em casa.
Bem, está é Raquel.
Complexa?
Não... Apenas me despreocupo e penso no essencial Durmo e acordo.
Escrevo e melhoro a vida, descubro sensações diferentes Sinto e vivo intensamente.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Descobertas deste verão
Posso te garantir que o verão solitário me deixou mais mulher, mais leve e mais bronzeada e que, depois de sofrer muito querendo uma pessoa perfeita e uma vida de cinema, eu só quero ser feliz de um jeito simples. Hoje o céu ficou bem nublado, mas depois abriu o maior sol!
quarta-feira, 5 de março de 2008
Infinito Particular
Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
(Marisa Monte)
terça-feira, 4 de março de 2008
Porque viver é SER FELIZ!!!!
E dele não levo nem a sombra
Eu tô aqui pra dar risada
E pra tirar onda
Felicidade não se empresta
Não se pechincha e não se compra
Eu tô aqui pra fazer festa
E pra tirar ondaaa
Eu tiro onda pra onda não me tirar
Eu tiro onda pra onda não me afogar
Tenho aliado lá em cima
Que a minha alma faz a ronda
Eu tô aqui pra entrar no clima e pra tirar ondaA vida é um grande picadeiro
Na corda bamba eu tô na ponta
Eu tô aqui pra ser o primeira a
Tirar onda(Jair de Oliveira)
Divagações de Raquel
Sim, daquelas. Enormes. Das que não nos oferecem no Natal, mas sim das que vimos numa mercearia, desejamos ter como nossa e levamos para casa embrulhada num lindo papel.
Chegados a casa, com a caixa bem fechada, questionamo-nos sobre a mestria daquele embrulho: não se vê onde está colado, como onde começa ou como termina. Rasgar o papel determina a profanação, a invasão de um espaço sagrado, mas se não o fizermos como poderemos saborear o que lá está dentro?É necessária determinação. Vontade. Obstinação, até.
Mil voltas entre as mãos para escolher o lugar certo a cravar as unhas. Existe lugar certo? É aquele. Aqueloutro também poderia ser, mas escolho aquele bocadinho de papel que olha para mim e me diz "Aqui. Estou aqui!"
Segunda questão: com força ou delicadamente? Sigo a segunda opção, afinal, a violência não é natural.
Desembrulho a caixa de chocolates, devagarinho, com calma e encontro lá dentro um mundo de emoções por descobrir. Pequenos embrulhos de papel metalizado escondem dentro de si prazeres e amarguras.
Como sei disto?
Sei. É senso comum.
A mestria reside em provar um chocolate de cada vez, saboreá-lo e decidir o próximo passo. Independentemente do sabor. Não prová-lo é desistir de saber o que vem a seguir...
Porque eu nasci no Rio
O momento não poderia ser melhor para ler a declaração de amor que alguém de fora fez à cidade com a qual tanto me identifico.
Nesta semana escrevi em um e-mail: o Rio sempre será a minha cidade, aqui a história é outra e me interessa muito mais. O tal e-mail teve uma resposta com a cara do outro lado da ponte aérea, esqueço-a para celebrar esse jeito carioca de ser.
O texto, na íntegra, para cariocas nascidos ou não no Rio!
Por que não nasci no Rio?
"Ninguém escolhe o lugar onde nasce. Vim pensando nisso no avião que me
trouxe ao Rio esta semana, depois de passar um ano quase todo trabalhando em
casa. Tem muita gente que embarca em São Paulo na ponte-aérea com a naturalidade
de quem sobe num táxi. Mas para mim vir ao Rio virou um acontecimento – cada vez
mais agradável, diga-se.
Já começou pelo piloto da Gol que, ao anunciar a decolagem, foi logo
fazendo uma declaração de amor à cidade, anunciando que o Rio continuava lindo
como sempre e o tempo estava bom com poucas nuvens. Na chegada, repetiu o
discurso. Acho que o piloto gosta dessa cidade tanto como eu.No meu caso foi
mesmo um amor à primeira vista, com o perdão pelo lugar-comum, mas é que não
encontro outra forma de dizer o que senti ao vir para o Rio pela primeira vez,
faz quase quarenta anos.
Acho que foi em 67 ou 68. Estava começando a trabalhar como repórter do
"Estadão" e minha tarefa era fazer matéria sobre as obras de duplicação da via
Dutra (sim, sou do tempo em que a principal estrada do país era de pista única).
O ministro dos Transportes, recordo-me bem, era o coronel Mário Andreazza, que
organizou uma baita festa para os jornalistas do lado carioca da Dutra.
Como era um sábado, dia em que os jornais fecham mais cedo, e já estava
ficando tarde, vim escrever a matéria na sucursal do Rio, que ficava mais perto
do que a sede em São Paulo. Para quê? Gostei tanto desse lugar que terminei de
transmitir a reportagem, e fui ficando. Passei o domingo aqui (digo aqui porque
estou escrevendo a coluna, pela primeira vez, na sede do NoMínimo, no Outeiro da
Glória), e simplesmente não queria mais ir embora.
Pedi transferência para a sucursal, mas o chefe de reportagem, na época o
jovem Clóvis Rossi, simplesmente me mandou parar de molecagem e até ameaçou com
demissão se eu não voltasse rapidamente. De lá para cá, toda vez que venho ao
Rio fico prometendo para mim mesmo que um dia ainda vou ficar de vez, morar
nesta cidade que me lembra uma velha senhora muito maltratada pela família mas
que ainda guarda os belíssimos traços da sua juventude.Guarda também velhos e
bons hábitos dos tempos de província, como se a cidade mais cosmopolita do país
fosse um burgo do interior onde todo mundo se conhece e vai puxando conversa sem
pressa.
O Rio é um lugar onde o motorista de táxi pode dar voltas à vontade (se
você não estiver com pressa, claro) que o forasteiro não reclama porque onde se
passa é possível descobrir alguma coisa bonita em que não tinha reparado ainda.
Também é uma cidade onde não se precisa de companhia para sair à noite. Você
pode ir a qualquer lugar que logo encontra alguém para conversar sobre qualquer
coisa.
No começo da noite de quarta-feira fui ao Belmonte sozinho porque meus
amigos jornalistas trabalham até tarde da noite e outros estavam fora da cidade.
Perto do hotel em que fiquei hospedado, no final do aterro do Flamengo,
sobrevive o Belmonte, um bar dos anos 50 onde estive na minha primeira passagem
pelo Rio, e que vive cheio até hoje.
Fosse em outra cidade, não ficaria uma hora em pé no balcão esperando mesa
– e sem reclamar. Chope que vai, chope que vem, é tão variada a fauna humana,
ouve-se tantas histórias, que o tempo passa sem você perceber, ninguém parece
ter pressa em voltar para casa. Fala-se alto e parece que há uma disputa entre
as mesas para ver quem ri mais desabridamente.
Mulher bonita nem chama a atenção porque são tantas que a beleza já faz
parte da paisagem. O jornal que levei para me fazer companhia ficou esquecido em
cima da mesa. Quem vai querer saber de notícia de jornal numa noite no Belmonte?
Como só tinha compromisso de trabalho na hora do almoço do dia seguinte, saí
cedo do hotel e fiz o circuito de carioca aposentado. Cafezinho no bar da
esquina, onde o dono te recebe como se te visse todo dia, fila do banco repleta
de idosos simpáticos e falantes, pedestres que xingam motoristas na aventura de
atravessar a rua, e vice-versa, um papo na banca de jornal, outro no barbeiro.
Sim, no Rio dá vontade de fazer a barba no barbeiro e foi assim que fiquei
sabendo tudo sobre como anda a cidade no relato do veterano Said, que também me
pareceu um velho conhecido embora nunca o tenha visto na vida. Todo mundo no Rio
vira um velho conhecido depois de alguns minutos de conversa. Vi até uma
trombada de bicicletas e, em vez de brigar, os dois pilotos caindo na
risada.
O trânsito é tão complicado ou até pior do que o de São Paulo, mas a
caminho do centro velho, passando pelo Catete, indo até a Lapa, que andou
tomando um belo banho de loja, são tantos os encantos que mesmo o feio fica
bonito como na decadente paisagem da Praça Onze – as pichações, os prédios
centenários abandonados, famílias jogadas fora nas calçadas.
Passei pouco mais de 24 horas no Rio garantindo aos amigos que da próxima
vez virei a passeio, e não a trabalho como tem acontecido nestes muitos últimos
anos. Já que a gente não escolhe o lugar onde nasce, todo mundo deveria ter
direito a uma vez na vida morar na cidade pela qual um dia se apaixonou.
Quando meus pais vieram de navio da Europa no pós-guerra, o navio ancorou
primeiro aqui, mas minha mãe estava passando mal com o calor e nem desceu à
cidade. Seguiram direto para Santos e poucos dias depois nasci em São Paulo.
Por que não nasci no Rio?, pergunto-me até hoje, cada vez que chega a hora
de ir para o Santos Dumont – aliás, o aeroporto com a vista mais linda do mundo.
Apenas quarenta minutos de vôo separam as duas maiores cidades do país, mas
entre as duas noto a cada viagem que há séculos de diferença na maneira de
encarar a vida.
Por mais que queiram destruí-la e avacalhá-la – e os próprios cariocas
adoram falar mal da sua cidade – ninguém quer sair daqui e, como lamenta o
motorista do táxi, cada dia chega mais gente".
(Ricardo Kotscho)
segunda-feira, 3 de março de 2008
2008 motivos para ser FELIZ!!!! [2]
Quero que 2008 seja um ano intenso! Saúde, paz, amor e felicidade? Claro! Afinal, preciso e desejo tudo isso a vocês também. Mas quero também a novidade, o movimento. . Nos próximos 366 dias, espero ficar cara-a-cara com o novo, conviver com o inédito, experimentar o diferente, descobrir o desconhecido, rever o que é familiar e reviver, de outra forma, o inesquecível. O que já se foi, deixarei lá no passado, enterrando e bebendo os mortos para viver o futuro a cada dia. Estou disposta a rever conceitos, desfazer nós e celebrar, com alegria, todos os começos e fins. E espero que eles sejam muitos, pois preciso de intensidade tanto quanto de felicidade. Vou tirar a vida para dançar, rodopiar pelo salão, despertar e viver paixões e amar como se fosse a primeira e a última vez. Estejam convidados a festa da felicidade plena em 2008!!!!
Raquel - Instruções do meu manual [2]
(re)Compromisso
Ninguém pode construir em teu lugar
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
- ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo,
atalhos sem números, e pontes,
e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.
Onde leva?
Não pergunte, siga!!!
(Friedrich Nietzsche)