O mundo resolveu ser honesto comigo. Por onde ando, estranhos, conhecidos, crianças, velhos, animais, todos me bombardeiam com suas verdades.
Minha consciência nem disfarça mais com carinhos e brincadeiras. Eu sempre soube que ela fazia tudo isso para ser alimentada depois. Mas agora nem isso! Eu "penso" e ela já me manda "na lata" a verdade.
Até minha mãe, que deveria guardar a sete chaves, até seus últimos dias, o segredo de que não sou a pessoa mais linda do mundo, resolveu entregar o jogo no presente mesmo: meu nariz poderia ser mais assim, meus dentes menos assim, meu cabelo mais ou menos assim. Não, eu não sou perfeita nem para a minha mãe.
Os rapazes então, nem se fala. Não sei o que acontece, mas não consigo arrumar nenhum a fim de me enganar. Todos estragam tudo com sua sinceridade aterrorizante. Não existe mais “vamos jantar, minha flor-de-lis, e quem sabe um dia eu tentarei colocar as mãos em seus joelhos”. O que existe, quase sempre, é “olha, não quero nada sério da vida, ou pelo menos não com você, mas que tal a gente dormir junto essa noite?”.
O mundo perdeu sua magia. Magia, mágica, conto de fadas, ilusão, sonho. Tudo mentira. Mas quem vive feliz sem um pouco dessas palavras? Não que eu queira arrumar um enganador. Mas florear a vida, usar um pouco de eufemismo para expressar um desejo primitivo, não custa nada. Acho que a maioria dos namoros começa com uma mentira: de tanto o cara enganar a mocinha que quer conhecê-la melhor antes de levá-la para a cama, ele acaba convencido do mesmo. E apaixonado. Mentir faz parte de encontrar alguma verdade nas relações.
Mas comigo não tem jeito. Não sei se é porque escrevo com toda a sinceridade do mundo e as pessoas acham que precisam me retribuir de alguma maneira ou se, porque uso óculos, as pessoas acham que sou inteligente demais para ser enganada. O fato é que ninguém quer me fazer de boba. E minha vida é um festival de mensagens de texto, e-mails e telefonemas com propostas de sexo casual, abraços noturnos, cantadas baratas. Tudo na maior amizade, tudo na maior clareza, tudo para eu jamais entender errado. E quem é que tem o poder de entender sempre o certo?
Eu sempre sei onde estou pisando. As pessoas deixam bem claro, pelo menos pra mim, o quão sem graça são e o quão podres podem ser. E eu acabo de descobrir que isso não tem nada de legal. Às vezes eu só queria voar um pouco, tirar os pés do chão. Fantasiar, sobrevoar os dias chatos.
Ninguém me faz de boba porque todo mundo tem é medo de acreditar na bobeira e acabar bobo junto. Gente mais besta!
Leio. Releio. Volto a ler. Viro páginas. Avanço linhas.
Palavras minhas eu assino, dos outros eu transcrevo, dum passado que não teve futuro, dum presente que nunca exi stiu.
Frases que me fazem sorrir, outras que me inundam o olhar.
Histórias que fazem a minha história, remotas ou recentes, e que por muitas letras que destrua ficarão sempre na memória.
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Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!
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Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!
domingo, 13 de janeiro de 2008
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Um comentário:
The woman in sunshine
It is only that this warmth and movement are like
The warmth and movement of a woman.
It is not that there is any image in the air
Nor the beginning nor the end or a form:
It is empty. But a woman in threadless gold
Burns us with brushings of her dress
And associated abundance of being,
More definite for what she is -
Because she is disembodied
Bearing the odors of the summer fields
Confessing the taciturn and yet indifferent,
Invisibly clear, the only love.
Wallace Stevens
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