O homem é um bicho raro. Têm que concordar comigo. Surpreendem-nos até ao fim dos nossos dias. Não os entendemos e nem sequer perdemos tempo com isso.
Há os garanhões. Aqueles que caminham de costas direitas e olham em frente. Lançam charme até às pedras da calçada, caminham de peito esticado para fora. Até podem ter boa aparência, mas se abrem a boca, estragam tudo. Digamos que a inteligência não faz parte do pacote. E à noite choram baba que nem madalena arrependida. Vai ver que de garanhões, não têm nada.
Há os outros. Aqueles que parecem não fazer parte do mundo tal qual o conhecemos. E depois, sabe-se que já petiscaram meia cidade. São tímidos e quando falam para nós olham-nos nos olhos como se nos quisessem ler a alma.
São perspicazes, enganadores. E claro, inteligentes. Porque se não fossem, não teriam papado as meninas que lhes caiem na rede como moscas no mel.
Há aqueles que não são uma coisa nem outra. Isto para não dizer que nem são nada. Só resumem a vida aos seus interesses. Que passa por musica, computadores e outras tecnologias. Não há diálogo possível. Se por acaso lhe dizemos que estamos constipadas, que apanhamos o vírus da gripe, eles só ouvem a parte "vírus" e desencadeiam um monólogo de duas horas a explicar pormenorizadamente o que devemos fazer ao computador. Sabem o último grito da tecnologia o que faz com que a nós, só nos dê vontade gritar.
Há aqueles complicadinhos. Que se queixam da solidão e procuram a mulher ideal, perfeita, enquanto dizem que não querem compromissos. Percebemos que têm compromisso com o trabalho. Usam fato e têm charme, daí conseguirem, sem esforço, dar a ideia de coitadinhos para ver se alguma pacóvia acredita. Elas ficam ali a pensar :”tadito, tão girote e tão solito”. Moram sozinhos e não têm muitas dificuldades financeiras, mas enquanto lamentam a solidão, vão tendo os seus casos. Sempre com mulheres que não lhes preenchem os requisitos e a quem sempre dizem que não se sentem prontos para um compromisso. Uma forma discreta de dizer: hoje fo**-te e amanhã já nem sequer me procure.
Rondam os 30 anos... e vão sentir-se preparados para um compromisso quando? Pergunto eu...
O estilo certinho põe os nervos em franja a qualquer uma. Gastam dinheiro em bebidas caras. Para ocasiões especiais. E anos mais tarde percebemos como são tristes ao ver as garrafas intactas.
Outros vivem no mundo da lua. Este mundo é pequeno demais para eles. É a playstation e afins. Sessões de filmes sem intervalo. O verdadeiro homem-sofá.
Os filmes preferidos são de terror e de sangue. De artes marciais e outras coisas impossíveis de praticar. Mas acham que a força é melhor que a inteligência.
Chega em casa, come, besunta a mão direita com super-bonde, mas deixa livre o polegar. E assim brinca toda a noite com o comando da televisão. Impossível uma noite a dois, porque quando finalmente vão dizer a resposta certa do programa que estávamos a assistir com interesse, já ele mudou de canal. Chega a dar nos nervos. E tem por costume não ser muito cuidado na aparência. Aproveita o fato de estar sem fazer nada para dizer entre dentes: "já que estás em pé, me dá isto, me traz aquilo"... blá blá blá.
Impossível compreender. Mas as mulheres, há muito desistiram. Já se sabe que são todos iguais e que por isso, nem vale a pena escolher muito. Arranjamos um e com arte e manha lá o vamos moldando, aos poucos, para que ele se adapte e nunca pense que está a ser manipulado.
Há os que só pensam em sexo e os que só praticam sexo. E acredito que existam intermediários, para não ser tão mazinha.
Sou até capaz de acreditar, numa hora ou outra que exista um ou dois exemplares sensíveis e românticos sem quererem com isso, conquistar alguma.
Vá, até vou mais longe e digo que também é possível que exista aqui ou ali, um que seja fiel e sincero, que tenha inteligência e sentido de humor. Tudo em um!
Depois, os vemos em grupo. Desastre total. Parece que deixaram em algum lugar do globo a nave.
É vê-los sentados em redor de uma mesa, de copo na mão. A falar de carros, de aventuras, de futebol, de mulheres, de jogos e outras coisas sem tanta importância assim. Se houver perto alguma mulher que lhes interesse, falam alto, para chamar a atenção.
Falam das conquistas falsas como sendo verdadeiras. E se forem verdadeiras, essas conquistas, exageram nos pormenores com tanta convicção que uma guria que assista, chega a duvidar. Depois, com umas e outras , lá descobrimos as carecas.
Chamam de nomes ridículos o pênis. Daqueles que têm muito rastilho e pouca pólvora.
E costumam acomodá-los com engenho e arte. Optam por um lado. Esquerdo ou direito. Se bem que ainda tento investigar para que lado têm preferência em pôr em descanso os ditos cujos.
Lá se vão rindo alto. Coçam os tomates sem pudor, arrotam, cospem para o chão e peidam-se. Acham graça. Riem-se.
E depois sempre têm orgulho na sua mala de ferramentas. Aquelas com que gastam rios de dinheiro a apetrecharem com martelos e martelos pneumáticos. Chaves de fendas, porcas e parafusos de todos os tamanhos. Berbequins, pés de cabra. Alicates e chaves inglesas.
Para que depois, quando uma torneira lá de casa estiver pingando termos que chamar um encanador.
Com tantas qualidades que os homens têm, ainda bem que nós, mulheres, nem sequer somos perfeitas. É que seria uma chatice.
Ai os homens... que bicho tão fofo, não acham?