Leio. Releio. Volto a ler. Viro páginas. Avanço linhas.
Palavras minhas eu assino, dos outros eu transcrevo, dum passado que não teve futuro, dum presente que nunca exi stiu.
Frases que me fazem sorrir, outras que me inundam o olhar.
Histórias que fazem a minha história, remotas ou recentes, e que por muitas letras que destrua ficarão sempre na memória.

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Desejo a você total liberdade para que rasgue páginas neste espaço. Rasgar, romper, transformar algo em outro novo, mesmo que a si mesmo.
A vida é uma sucessão de rasgos, remendos, feituras e escolhas.
Esteja LIVRE!



quarta-feira, 29 de julho de 2009

Mudança

"Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto:meu coração está espantado. É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue." - C.L.


Pausa.

Pensamentos desordenados, vento de lembranças, chuva de emoções, alma molhada, e boca seca aqui.

Ouço pássaros, vejo as caixas, os sacos etiquetados, corro os olhos por cada parede, cada arvore do pomar, cada memória daqui, do que vivi aqui.

Cheguei um menina de 20 e poucos, com pai, mãe, avó, familia linda.
Saio uma mulher de 30, sozinha.

Minha familia virou uma constelação de estrelas no céu a me guiar.

O caminhão da mudança chegará em breve. Ainda não desliguei o computador.

Quero registrar este meu momento. Sabe quando você vai partir e as mãos ficam geladas?

Minha casa hoje é o mundo. Tenho a necessidade de ser amiga das palavras. Elas me arrancam esta angústia do peito e a transforma em texto, em pedaços de mim legíveis aos outros.
Sou difícil de ser lida. Nem eu mesma me percebo. Sinto em línguas que meu cérebro ainda não sabe, não decodifica.

A vida depois destes 4 anos mudou de sentido, de eixos pra mim.

Escrevo. Apago.

Eu me edito. Engraçado.

E as mãos seguem frias aqui.

Outra pausa. Agora porque minha melhor amiga me ligou. Outra partida, ela vai morar na cidade dela de origem.

O enterro da minha mãe parece ter mexido com as emoções dela, e foi uma ponte entre a vida do corpo e os pensamentos da alma.

Volto ao texto, mas antes desejo a você amiga a melhor das rotas em sua vida.

As mãos já estão mais quentes. Vi sabiás na janela enquanto falava ao telefone.

Invejo os pássaros. Eles voam e se sustentam no ar.

Eu vôo, e me sustento nas emoções. Na verdade, me enveredo nas camadas de mim mesma. Sou um labirinto, meus amigos as laternas.

Ainda tenho caixas para empacotar. Em qual delas guardarei meus sonhos?

Levo novos sonhos daqui. Minha persona ganhou novas máscaras, meu palco ficou mais iluminado, meu enredo mais rico.

Eu, uma mulher de 30, rumo a minha felicidade.

Eu, espírito livre e com todas as chances do mundo.

Eu, e a saudade que adoça meu ser.

Eu, Raquel rumo ao novo.


Raquel Oliveira - 29/07/09

domingo, 26 de julho de 2009

Estações de mim




Os dias andam assim... devagar, frios, escuros. Atormentam as horas que se enroscam na pele e não deixam respirar.

E eu a sentir-me metade de alguma coisa enquanto me sinto um tudo de nada...

Sempre que chega o inverno do corpo, inevitavelmente me vem à lembrança esta história que me acompanha há tantos anos: as primaveras e verões de minha alma.

E depois, chegam outras de mansinho à memória: as de outono, das frutas e folhas que amadureceram e cairam.

Histórias que podiam ter sido e não foram.

Não por falta de amor ou de algo maior. Mas por falta de coragem. Por falta de uma palavra, de uma atitude, por falta de qualquer coisa que fizesse durar e deixar que esse amor seguisse em frente. O esvoaçar de mil borboletas no estômago que nem sempre nos deixam ver mais alem.

Histórias que ficam sem futuro para contar por falta de alguma coisa. Por vezes é assim... falta sempre alguma coisa.

São os destinos que poderíamos ter e não temos. Que escolhemos em cada hora. Quando temos oportunidade, quando nos dão oportunidade sem saber sequer que a estamos a ter ou outras vezes, em que temos que lutar por uma oportunidade e fazer alguma coisa por esse amor.

Mil destinos que podíamos ter, neste instante. Que nos fazem passar a vida muitas vezes sem pensar mais nisso e noutras a perceber que ficou por viver apenas porque nada se fez por isso.

Amar, só, não basta.

Mas o amor já se sabe... é o sol de minh'alma.


Rach

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Half the Perfect World




Composição: Madeleine Peyroux

Every night he'd come to me
I'd cook for him, I'd pour his tea
I was in my thirties then
Had made some money, lived with men

We'd lay us down to give and get
Beneath the white mosquito net
And since no counting had begun
We lived a thousand years in one

The candles burned
The moon went down
The polished hill
The milky town
Transparent, weightless, luminous
Uncovering the two of us
On that fundamental ground
Where love's unwilled, unleashed, unbound
And half the perfect world is found